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Friday, December 28, 2012

Depois de 1 ano...

Cheguei aqui cheia de expectativas, esperando o melhor de tudo e celebrando o que viesse pela frente com a maior alegria do mundo. Mas, como era de se esperar, as coisas mudam, as pessoas mudam, e eu também mudei meu pensamento: não sou, definitivamente, a mesma pessoa que chegou aqui.

Adotei a máxima do "é dando que se recebe", e olha, vou ser bem honesta, como eu dei, como eu cedi, como eu me dediquei, como eu abdiquei de coisas para mim, que eu nem sei se eu vou poder fazer denovo alguma vez na vida. Isso me deixa frustrada, sabe, porque eu perdi viagens e companhias maravilhosas porque eu sou legal. É essa a verdade, eu sou legal. Legal demais.

Eu poderia ter conhecido Las Vegas, Santa Monica, San Diego, Grand Canyon. E não fui. Eu poderia ter feito um cruzeiro e visitado as Bahamas, Jamaica, Ilhas Cayman. E não fui. Eu poderia ter ido pra New York, o lugar que eu mais quero visitar no mundo todo, e isso não é segredo algum pra ninguém. E eu não fui. Só fui pra Atlanta, por um fim de semana, basicamente um "dia pro outro", 6 dias antes de completar 11 meses vivendo aqui.

O trabalho é árduo demais. É difícil ser "mãe" sem ter filhos. Muito. É frustrante sentir que você está trabalhando sem necessidade de estar, porque pai e mãe das crianças que não são suas estão de folga em casa, assistindo televisão. Trocar fraldas, alimentar, banhar, ensinar e até mesmo educar são facetas de um trabalho mais do que cansativo, que as empresas tem a cara de pau de vender como intercâmbio por aí. Por outro lado, há coisas que me fazem esquecer toda a frustração de quem está cansada, desapontada, e com uma pontinha de inveja sim, sou honesta, das amigas que aqui estão, no mesmo barco, mas que conseguem se divertir 1.000.000 de vezes mais.

Saber que você é amada como uma filha, tratada como um familiar verdadeiro, de coração e com o sentimento mais puro de agradecimento, ah, isso não tem preço. E eu não estou falando diretamente dos meus host parents. Sei que eles gostam de mim, estão satisfeitos com o que eu venho fazendo com as minhas kids. Mas não são só eles que estão felizes comigo... os tios e tias, primos e primas mais próximos, a irmã da minha host, que eu cheguei até a achar que tinha um pouco de ciúme de mim com minha menina mais velha, mas que hoje me trata e conversa comigo do mesmo jeito, exatamente do mesmo jeito que ela fala com a minha host. A mãe da minha host, que me deu o presente mais maravilhoso que eu poderia receber neste Natal: I love you. O pai da minha host, que sempre me trtou bem e hoje também me trata como filha. A mãe do meu host, que chegou pra ficar aqui com a gente por 4 meses e me disse "se o V. é meu filho, você também é minha filha" e me trata exatamente como trata meu host, sem tirar ou colocar uma vírgula de diferença. A sobrinha da minha host, que sempre, sempre quer brincar comigo, pergunta de mim e já chegou a dizer que queria vir na minha casa, não na casa da tia... a cunhada, o irmão, o cunhado... eu não sei nem o que dizer.

Eu trabalho duro. Muito. No final do dia eu estou morta, literalmente, e só quero dormir. Sério. Mas acho que eu não poderia ser mais feliz. Porque mesmo eu não tendo feito nada de extraordinário durante um ano inteiro, mesmo eu estando estressada, absurdamente estressada, e contando as horas, os dias pra chegar a data de eu embarcar para visitar o meu povo e a minha pova no Brasil, o que realmente importa e sempre importou para mim é o que eu mais tenho nesse lugar, que vai estar pr sempre no meu coração.