Second Menu

Wednesday, October 17, 2012

E quando as regras mudam?

As regras estão aí pra garantir a boa convivência em sociedade. O mundo seria uma barbárie se todo mundo pudesse, simplesmente, fazer o que desse na telha, na hora que desse na telha. Adoro regras, tanto na hora de criá-las quanto de cumpri-las. A única coisa que eu não gosto é quando as regras mudam...

Quando eu estava no processo de entrevistas, antes mesmo de pensar em chegar aqui, eu decidi que algumas coisas seriam prioridades na hora de fechar com alguma família. O mínimo seria ter um meio de locomoção honesto, independentemente do que fosse - carro, metro, ônibus, não interessa. Daí que nas conversas na hora da entrevista a família com quem eu fechei disse que eu teria um carro e que poderia usar no meu tempo off.

A coisa já ficou complicada quando eu cheguei, já que esse caro nem existia ainda. E não existiu por quase 3 meses. Vivia na base da carona o tempo todo, com quem quer que fosse, e era desconfortável pra mim, principalmente porque eu moro meio que num fim de mundo e as pessoas com quem eu saía moravam longe, com exceção da Chay, que era sempre a minha carona pra tudo. Mas, enfim, águas passadas não movem moinhos, e o carro finalmente chegou, eu tirei a carteira de motorista daqui e finalmente, depois de 3 longos meses, pude dirigir para qualquer lugar que fosse.

Logo no começo, quando eu cheguei, disse que eu queria muito ir num evento de linguística em Chapel Hill, e eles me deixaram ir com o carro. Achei ótimo e eles ganharam muitos pontos comigo. Por outro lado, eles nunca botaram uma gota de gasolina nesse carro, nem quando eu fui fazer o teste no DMV pela primeira vez: fui eu que enchi o tanque. Nunca falei nada porque né, eu posso MESMO ir pra qualquer lugar que seja.

Daí fui em Greensboro com a Michi, e era minha vez de dirigir, porque quando fomos no Botanical Garden foi ela quem dirigiu. Aí falei que eu queria ir em Greensboro e tal, a hostmom meio que fez carão, mas acabou que eu fui. Ok. Fomos acampar em Linville Falls, conforme o post anterior, e eu fui dirigindo. Ok. Só que o carro começou a dar problema. E eles começaram a dar problema também.

A reclamação da vez é que eu dirijo muito. E que eles não estavam esperando viagens com o carro, e por isso compraram um carro com 142.000 milhas rodadas, ou 228.526 quilômetros rodados. Atualmente o carro tem 239.790 quilômetros rodados. E eu quem rodei nessa história toda.

Desde que eu cheguei aqui eu tento dar o meu melhor em tudo, ser flexível, ajudá-los, sem reclamar de nada. Eles nunca contaram as horas direito, e desde sempre eu trabalhei mais de 45 horas por semana. Estou sempre disponível, já perdi viagens incríveis porque eles precisaram de mim pra alguma coisa. Mesmo com tudo isso, e sabendo que eu poderia sim encontrar alguma outra família que seguisse as regras à risca, eu decidi ficar. O que mais pesou foram as amizades que eu fiz aqui, o fato de eu gostar dessa família e das crianças, e também o fato de eu poder ir a qualquer lugar, não ter curfew, poder viajar com o carro. SIM, detalhe esse que eles potencialmente vão cortar.

Fora outras coisinhas que já aconteceram e que não estavam previstas no gibi, como a semana em que o hostdad reclamou que eu estava saindo muito... NO MEU TEMPO OFF. Há coisas positivas, como o fato de eles terem aumentado meu pagamento semanal, mas se dinheiro fosse o mais importante pra mim, honestamente, eu não teria gasto mais de R$ 2.000,00 pra seu aupair aqui, eu teria ficado no Brasil mesmo, no emprego que eu tinha, ou até mesmo teria mudado pra um emprego melhor. E fora, também, que desde que eu cheguei aqui eu não fiz nenhuma viagem. NENHUMA. Perdi a oportunidade de ir pra Vegas, Califórnia, de fazer um cruzeiro, de ir pra NYC, DC... Lendo tudo isso eu me questiono se eu realmente fiz a escolha certa, sabe...

No comments:

Post a Comment